MOSTRA DRUMMOND E O CINEMA
Curadoria de Roberto Said e Pedro Rena
Belo Horizonte, Cine Humberto Mauro
7 a 17 de novembro de 2024
A mostra e seminário “Drummond e o cinema” se dedica a pensar as múltiplas relações entre vida e obra do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e o Cinema, brasileiro e estrangeiro, ao longo do século XX, reverberando no século XXI. Na juventude de Drummond, quando se muda para a moderna Belo Horizonte, nos anos 1920, o cinema era uma de suas grandes paixões. José Maria Cançado, biógrafo de Drummond, afirma que a sensibilidade e o sentimento do mundo do poeta foram colhidos pelas projeções de cinema nas salas de rua da capital mineira, nas décadas de 1920 e 1930. Frequentador assíduo dos lançamentos cinematográficos da época, Drummond se posicionava, desde jovem, nos debates candentes sobre a moral e a modernidade na sociedade. Vale lembrar que a primeira crônica que ele publicou em jornal é dedicada ao cinema, em 1920. O poeta itabirano escreveu poemas e crônicas apaixonados, ao longo de toda a sua obra, sobre figuras célebres do cinema como Charlie Chaplin e Greta Garbo. A mostra, aberta a diferentes perfis do público, revela-se relevante socialmente ao apresentar e discutir de modo detalhado a relação de um escritor mineiro, com sua visão cosmopolita do mundo, com o cinema, arte que é fundamental para a compreensão do mundo do século XX e XXI.
A obra poética de Drummond constitui, conforme avaliação de críticos, artistas e escritores, um dos eixos centrais da literatura brasileira. Não bastasse a excelência estética, a diversidade temática, a densidade reflexiva e o engenho rítmico encontrados em sua longeva produção, seus versos parecem cifrar a história da modernidade cultural brasileira no curso do século XX. Em sua escrita avolumam-se e implicam-se, sem ordenação aparente, mas em viés analítico, signos e imagens, discursos e personagens, paradoxos e rupturas decorrentes da consolidação do mundo moderno no cenário nacional.
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Ao longo da mostra, discutiremos a influente presença dominante de Drummond nos debates literários e sociais interessados em discutir nossa modernidade. Em outras palavras, esboçar elementos para uma questão que se revela hoje incontornável: por que Drummond? A poesia drummondiana, comparável às grandes obras do século se afirma não apenas como forma criadora original, servindo de parâmetro estético para a literatura brasileira, mas também como percepção alargada da história, sem, no entanto, se reduzir ao registro documental.